Morre Terry Pratchett, autor da coleção de fantasia Discworld

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É com grande tristeza que contamos que Terry Pratchett, um autor e satirista brilhante, faleceu no dia de hoje aos 66 anos. Terry Pratchett enfrentou o mal de Alzheimer, aberta e bravamente. Nos últimos anos era a sua escrita que o vinha sustentando. O legado dele irá durar por mais e mais décadas. Com mais de 70 livros publicados, Terry Pratchett é um fenômeno.
 
Diagnosticado com uma Atrofia Cortical Posterior em 2007, ele enfrentou sua doença progressiva com sua típica determinação e criatividade, comparecendo às convenções e encontros literários, envolvendo-se em novos projetos. Ele completou seu último livro, uma nova obra para a coleção Discworld, em 2014, infelizmente sucumbindo à última etapa de sua doença.
 
Nascido em 1948, Pratchett deixou o colégio aos 17 anos para começar a trabalhar na Central Electricity Generating Board, posição que só deixou em 1983, quando havia terminado o quarto livro de Discworld, Morte. Esta série começou em 1983, expondo uma variedade de temas e personagens, envolvendo magia, morte e um viés jornalístico, às vezes satirizando diferentes elementos da fantasia e rapidamente tornou-se um surpreendente autor de fantasia na literatura, criando personagens memoráveis como Rincewind, Samuel Vimes, Granny Weatherwax e Susan Sto Helit.
 
Pratchett também escreveu Good Omens com Gaiman, e uma série sobre uma terra paralela com Stephen Baxter. Após ser diagnosticado com PCA, ele trabalhou para expor as faces da doença de Alzheimer, em um documentário de duas partes com a BBC, o qual ganhou um BAFTA.
 
O autor foi também recebeu nove prêmios Doctorates, a medalha Carnegie em 2001 por Amazing Maurice and His Educated Rodents, e, em 2010, the World Fantasy Award por sua obra completa. Recebeu também a posição de ‘Sir’ como Cavaleiro Honorário pelos serviços prestados à literatura pela Ordem do Império Britânico em 1998.
 
Dotado de uma barba branca volumosa e chapéu, a figura deste Sir se espalhou como simpática e de mente ardilosa. Mas Neil Gaiman, grande amigo, pôde iniciar sua carreira ao lado de Pratchett, escrevendo juntos a obra Good Omens (Belas maldições, que virou série da radio BBC no final de 2014, como comenteiaqui). Neil Gaiman compôs um maravilhoso texto sobre seu amigo. Procurando a rádio onde iriam participar de um live broadcast, Gaiman e Pratchett se viram andando por um tempo interminável ao tentar encontrar o local. Aborrecido pela falha do itinerário, Pratchett não aceitou as palavras de Gaiman que tentavam tranquilizá-lo, respondendo “não subestime esta raiva, foi ela que moveu e deu poder a Good Omens”, que trata justamente sobre o fim do mundo. Gaiman aceitou e entendeu o que o amigo queria dizer.
 
“Há uma fúria na escrita de Terry Pratchett: é a fúria que move Discworld. E é também a raiva sobre o professor que podia decidir que Terry Pratchett, com seis anos, nunca seria esperto o suficiente, raiva pelas críticas prepotentes, e àqueles que pensam que o sério é o oposto do divertido, raiva de seus editores americanos que podiam impedir que seus livros fossem um sucesso”. Esta raiva, diz Gaiman, era o que movia Pratchett a reivindicar e entender o que era justo ou não. E sua linguagem vinha carregada destas nuances, de uma ironia e oposição ao mundo caótico.
 
Aqui no Brasil, a Conrad publicou algumas das obras de Pratchett, mas é incomum encontrar um grande público que as leu.  A coleção Discworld foi um grande mundo criado pelo autor, com figuras de bruxas, elfos, reis, rainhas, em um contexto que ironiza a concepção que temos do nosso mundo.
 
Foi com 11 anos que conheci apenas um singelo livro de Pratchett, Estranhas irmãs, comprado numa feira de livros da escola por ter um aspecto colorido e majestoso nos detalhes da capa. Acabei por descobrir que a magia literária tinha uma face que ia além, muito além da única que conhecia na época, a de Harry Potter. Alguns gostam de qualificar Pratchett como o Dickens de nosso século. Tenho a impressão de que não importava muito a ele este tipo de definição. Provavelmente ainda daria uma boa risada disto.
 
Desta forma, procure os livros de Pratchett. Faça disso uma grande aventura buscando pequenos tesouros em forma de livros que carregam uma magia pedindo para ser acessada.



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