Como posso ter ideias para escrever meu livro

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Palpites para ajudar a quem quer publicar uma nova história, mas não tem uma ideia em mente




Olá.

Antes do nosso post, queria contar que eu estou preparando um conteúdo muito legal e que logo, logo, em breve, estará no ar. Eu tenho certeza de que vocês irão gostar. Eu já gostei desde o início e a cada linha que eu escrevo fico mais convencido de que acertei na escolha. Só uma dica: o que vocês vão ler aqui vai inspirar muita gente. Aguardem.

Enquanto não acabo, vou entrar num assunto que não é propriamente o foco do blog, mas pelas constatações que tenho feito, acho que posso contribuir com meus cinco centavos: como começar a escrever um livro - basicamente, como ter uma ideia e transformar em uma publicação. Claro que, neste caso, estamos falando de ficção.

Essa é uma das perguntas que escritores iniciantes mais fazem. 

- Como eu posso ter uma ideia?

- O que eu faço para a ideia surgir?

- Quando a inspiração não vem, como eu me viro?

- Que nome dou a meu personagem?

- Quem é bom e quem é mau? Posso ter mais de um vilão?

E ao contrário do que possa parecer, dúvidas como essas são, sim, pertinentes. Mas para quem quer ser o novo best seller de ficção ou ver sua ideia publicada, inspiração e transpiração são fundamentais. Neste caso, uma dura verdade é que sem ideia você não tem um livro, pois se a ideia é o ponto central de uma nova publicação, sem ela, não tem história.

E aí o drama só existe se você for um mega escritor renomado de sucesso, cujo contrato exige dois livros por ano e sua mente exauriu.

Como acredito que não seja o caso da maioria que quer começar agora, recomendo as seguintes dicas:

LEIA (E MUITO)
Sim. Você já ouviu isso muitas vezes. E é verdade. Leia. O problema é o que? Eu recomendaria começar pelos jornais. Noticias são ótimas fontes de inspiração. O próximo romance blockbuster pode nascer de uma notícia sobre a neblina que fechou o aeroporto e causou atrasos nos voos. Ou de um escândalo político pode surgir um livro de suspense. Se não quiser o jornal, vá à Internet. Navegue aleatoriamente por assuntos que sejam do seu interesse.  Sempre ajuda. Mas leia. 

PESQUISE
Se você tem um assunto em mente, já é uma ideia, mas pode ser que falte informações sobre o assunto em questão. Pesquise, consulte, converse, faça imersões. Pode ser que o insight que você precisa surja nesse momento. Abra sua mente e conheça o que não sabe. Se tiver a ideia inicial, pesquise os contextos. Veja o que existia na época. Busque detalhes. 

Um exemplo: se sua ideia é escrever sobre uma paixão surgida em uma das passeatas das Diretas, veja vídeos no YouTube, leia livros e revistas, tudo que se trate do período das Diretas Já. Se o cenário do livro é o Rio de Janeiro, tente achar o máximo que puder de jornais e revistas do Rio de Janeiro em 1984, ano das Diretas.


FILMES SÃO BONS CAMINHOS
Um filme é o resultado físico de um roteiro - que nada mais é do que uma ideia formatada para ser exibida num telão por duas horas em média. Assista filmes, muitos. Vá além. Busque roteiros. Conheço um site chamado Roteiros de Cinema. Baixe alguns e leia. Se puder, assista o filme com o roteiro na mão.  Veja como o autor desenvolveu a ideia dele. Mas veja todo e qualquer filme que goste ou que esteja interessado. Não se obrigue a assistir nada.


OUÇA MÚSICA 
Sim, porque assim como a matéria do jornal ou o roteiro de um filme, a música é uma história, cantada em três ou quatro minutos. A música pode mexer com emoções ou trazer recordações, mexer com sua criatividade ou simplesmente trazer a inspiração. Por outro lado, mergulhe na letra. Tente buscar e entender qual a mensagem que a música transmite. Tente pensar como seria essa música num livro. 

SAIA DE CASA
Museus, livrarias, galerias de arte, praias, praças, shoppings, ruas, hoteis, festas, bares, escolas, academias, lojas, livrarias... Veja gente. Busque ambientes que propiciem a imaginação. Observe atentamente ao seu redor. 


ANOTE
Você está andando na rua e ouviu uma história muito louca? Anote. Ouviu uma conversa que é interessante? Anote. Compre um caderninho de anotações, mas não perca a ideia. Se tiver um smartphone, grave ou use aplicativos tipo bloco de notas. (Um dos mais conhecidos é o Evernote, que trabalha na nuvem). Anotar sempre ajuda, mesmo que a ideia pareça absurda. Já soube de comerciais premiados, por exemplo, que tiveram a ideia inicial esboçada num guardanapo.


USE SUA VIVÊNCIA
No livro, vale tudo: uma briga de criança, um ônibus errado, uma paixão platônica, um bem valioso que sumiu. Um fato bobo pode render a ideia do seu livro. Grandes roteiristas já recorreram a situações biográficas para seus filmes. Escritores, idem. Use um alter-ego. Mesmo que seja muito jovem e não tenha experiências acumuladas em sua vida, vale usar histórias de quem te cerca, principalmente sua família.


TIRE A IDEIA DO PAPEL, ESCREVA 
Simples. Comece a escrever. Se ela não render, pare, guarde o que escreveu e parta para outra. Na verdade, o ideal seria desenvolver um roteiro, com início, meio e fim. Se puder fazê-lo, vá em frente. 

Faça melhor ainda. Crie uma sinopse - um rascunho do que será a história. Não se preocupe com a forma. A sinopse deve ter a ideia central, os principais personagens, os conflitos e as soluções, além do fim. Depois pense em outros personagens, etc. Nessa etapa, você solta a imaginação. Depois, coloque as ideias no papel e dê a lógica que a história pede.


CONVERSE COM OUTROS ESCRITORES
Se você ainda não tem um processo criativo estabelecido, converse com outros escritores e tente formar um caminho para a criação. Em alguns casos, a ideia que você precisa desenvolver só será um bom texto se você se livrar das autocensuras que podem atrapalhar. Ou você precisa de espaço e tempo para ter seus devaneios. 

NÃO SE CENSURE
Criar é soltar a mente, principalmente quando estamos falando de ficção. Se um determinado assunto te incomoda ou não te agrada, deixe de lado - até que se sinta à vontade para escrever. Liste temas que sejam de seu interesse ou que você gostaria de ler e nunca viu - mesmo que seja um romance entre um espião russo e uma alienígena que invadiu a Terra. Vá em frente.

RELAXE
O stress é o principal inimigo da criatividade, pois o nervosismo atrapalha a fluidez das ideias. Pare um pouco, respire e vá fazer outra coisa. Caminhe, durma, faça sexo, brinque com crianças, jogue no videogame, fique só, medite, vá a uma igreja, faça o que te faça mais relaxado. Depois volte.

DURMA
Poucos talvez saibam, mas esse blog é escrito por um jornalista que trabalha no setor de energia elétrica - e curioso pelo universo da cultura, das artes e do entretenimento. Todos esses posts são feitos nas horas vagas e são resultado de criação. Em alguns momentos, quando nada anda, certamente é porque estou cansado. Esgotado. 

Nesas horas, pare. Durma bastante. Tente dormir as oito horas. Tente ir além. Dormir limpa a mente e revigora o corpo, dá mais disposição para qualquer atividade. E de quebra melhora nosso metabolismo.

ESTIMULE-SE
Motive-se a criar. Esse é o principal ponto, não basta apenas querer escrever, É preciso estímulo, exercício da mente para novas ideias. Para se motivar, leia, ouça ou assista quem te inspira. Busque "muletas" em músicas e filmes da sua vida. Aguce a curiosidade. Faça qualquer coisa despretenciosamente. Descobri músicas maravilhosas simplesmente ouvindo sem a menor pretensão.

E POR FIM - QUEIRA
É o mais importante de tudo. Querer é fundamental. Faça, pare de planejar ao extremo. Discipline-se para escrever, mas especialmente: faça. Crie as condições para que você possa... criar. Busque tempo, disposição e tenha vontade. Se você notar que é mais difícil do que imaginava, quase impossível, uma tortura, deixe para lá e faça outra coisa. Se não é o caso, batalhe por sua ideia, que ela virá com certeza.


Bernadette Lyra

Nasceu em Conceição da Barra, Espírito Santo. Formada em Letras pela UFES, pós-graduada pela ECO/USP, pós-doutorada pela Université René Descartes, Paris V Sorbonne, França, e mestre em Comunicação pela ECO/UFRJ, atualmente leciona no curso de mestrado em Comunicação Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi e é cronista do jornal A Gazeta, de Vitória, ES.

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Sobre Autora


Bernadette Lyra – Mestre em Comunicação pela Escola de Comunicação da UFRJ. Doutora em Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da USP, com pós-doutorado na Université René Descartes, Paris V, Sorbonne. Membro do Conselho Científico da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE). Coordenou o GT de Cinema, Fotografia e Vídeo, da Associação de Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS). É professora do PPGCom/Comunicação Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi (UAM)/SP. Foi coordenadora e atualmente é professora do PPGCom/Comunicação Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi. É curadora das mostras Itaú Cultural de Cinema de Bordas. Tem livros e artigos sobre cinema e audiovisual, publicados no Brasil e no exterior. É, ainda, escritora de ficção, com obras premiadas e traduzidas.

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