OLARIA

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OLARIA
(Ricardo Domeneck)
Eu chamo de
saudade do sopro,
querença de brisa
sobre a água,
como a terra, disforme,
esses materiais
nas mãos do vivo
único, e único
o filho vence em dias
o que tememos a cada
rua, avião e cama;
é o fôlego do século,
o fôlego
do século,
e convém aceitá-lo,
dizem
(e arfam)
a máscara rápida
à boca,
e pedras remanescentes
das peneiras ferem
as mãos do oleiro
onde remodelados
às vezes
despertamos
e quando o vaso nas mãos
sangra
– abrimos os olhos –
e quando a pedra nas mãos
singra
– abrimos os olhos –
(certas dores não é lícito
fingir) e no forno
aguarda-nos
a paciência do que, sólido,
mantém características
de seu passado líquido,
mas não o indivisível.



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