SOBRE "A CAPITOA", POR AÉLCIO DE BRUIM

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A Capitoa
"Nesta leitura agradável, envolvendo o leitor em tantas histórias, contadas por nossa maior escritora Bernadette Lyra, pode-se fazer um viagem ao passado, quando começou nossa colonização. Como se formaram os povos, os anseios, os medos, o convívio entre os que chegavam e aqui se organizavam.
Os contadores de vantagem, de mentiras, desde Ambrósio Brandônio até Antônio de Sá, e o que se formava em torno de suas pessoas, que faziam acreditar em afirmações que assustavam a população.
Figuras admiráveis como o Ermitão, que acreditavam fazer milagres, graças ao episódio da embarcação que foi salva porque uma de suas vestes foi atirada ao mar, que cessou sua fúria. Seria condecorado a beato depois que morreu, mas os escritos desapareceram misteriosamente, pura inveja dos santos.
O cenário envolve nossa Vila Velha, o Convento que foi construído custando a vida de escravos que rolaram pelo despenhadeiro, o Penedo, a Baía de Vitória, o Mouxuara, o Mestre Álvaro, o Palácio Anchieta sendo idealizado.
A religiosidade que vem junto com a Inquisição, esta amedronta qualquer um, por ser cruel, imperdoável, intransigente. É um tema que circula no livro até o fim, mostrando esta coisa estranha que foi naquela idade, servir a Deus ao lado de uma lei tão cruel. Já a fé, é uma fuga para os desesperados, que em dado momento, se apegam aos santos de todo jeito.
Mas a Capitoa foi cruel, deu um jeito de ser feliz, mesmo numa época em que mulher que não tinha filho, era considerada uma mula. Ela soube se conduzir, ainda que seu homem, o Vasco, tivesse outra mulher, cujo marido ele mandou matar. Depois olhou bem sua formosura e teve vários filhos com ela. Já a Capitoa era feliz, tinha suas preferências e suas náuseas, então preferiu dar um jeito. O chã de erva que descobriu com umas mulheres que dançavam escondidas dos religiosos. Ah se elas fossem pegas!!!! Mas quem as encontrou foi a Capitoa. Aí houve um tenebroso entendimento. Assim que se foi o Vasco. Ficou a Capitoa livre, pra ser feliz. Até que veio a autoridade da corte, e ela perdeu o posto, mas quem disse que foi triste? “ Que importa que o mundo se acabe em água ou fogo? Importa que estamos ambas vivas, nos amamos e nunca nos separaremos – a outra responde, inclinando-se graciosamente para colher uma flor.”
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Bernadette Lyra

Nasceu em Conceição da Barra, Espírito Santo. Formada em Letras pela UFES, pós-graduada pela ECO/USP, pós-doutorada pela Université René Descartes, Paris V Sorbonne, França, e mestre em Comunicação pela ECO/UFRJ, atualmente leciona no curso de mestrado em Comunicação Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi e é cronista do jornal A Gazeta, de Vitória, ES.

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A CAPITOA

Sobre Autora


Bernadette Lyra – Mestre em Comunicação pela Escola de Comunicação da UFRJ. Doutora em Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da USP, com pós-doutorado na Université René Descartes, Paris V, Sorbonne. Membro do Conselho Científico da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE). Coordenou o GT de Cinema, Fotografia e Vídeo, da Associação de Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS). É professora do PPGCom/Comunicação Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi (UAM)/SP. Foi coordenadora e atualmente é professora do PPGCom/Comunicação Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi. É curadora das mostras Itaú Cultural de Cinema de Bordas. Tem livros e artigos sobre cinema e audiovisual, publicados no Brasil e no exterior. É, ainda, escritora de ficção, com obras premiadas e traduzidas.

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