SOBRE A CAPITOA-2. POR AÉLCIO DE BRUIM

/
0 Comments
Não falei sobre a linguagem, para deixar que outras pessoas falassem, mas vale destacar os verbetes do início da fundação do ES. Quem é amante da boa linguagem, vai se deleitar com um mar de palavras que são desconhecidas por quem vive nas redes, mas que enfeitam a narrativa, e levam qualquer leitor ao conhecimento, eis a grande virtude da leitura.
Mas gostaria de falar um pouco no campo psicológico, também, já que não falei no comentário anterior. O que se passa com as personagens que se envolvem com os governantes, sob o jugo da Inquisição, é algo a refletir após a leitura. O que se passa com religiosos que adoram a Deus, pregam a salvação mas que estão prontos a mandar queimar uma pessoa em praça pública? O que fez com que os religiosos estabelecessem as atrocidades da Inquisição? Que Deus é esse que manda praticar as maiores barbaridades contra a vida de uma pessoa que pratica atos estranhos às doutrinas? O certo é que a religiosidade está presente no livro A CAPITOA do início ao fim. Por ser um fator presente na colonização, não poderia deixar de estar na trama.
Outro fator importante para quem adora o campo psicológico de um livro, é a Capitoa e suas atitudes. Ela, uma mulher decidida que sabe o momento certo de agir. Malandra? Rhaannn! Artista? Também. Melhor dizendo, ela tem de tudo um pouco, e usa sua astúcia. Mesmo sabendo que se fosse descoberta, poderia sofrer as barbáries da Inquisição (quando foi chegando o final, pensei que ela fosse queimada), espera o momento certo de agir.
No final do livro, é que o leitor se depara com a habilidade da autora. A Capitoa quando sabe que será deposta pela Coroa Portuguesa, se mostra sossegada, mesmo diante das manifestações de pesares, umas falsas, outras sincera. Mas Luíza se mostra tranquila, sabe o destino que seguir. Seu comportamento é assim: parece que vai dar certo, parece que deu certo.
O que deixa o leitor de cara com o psicológico, é bem nos últimos parágrafos, quando aparece o diálogo entre a Capitoa e a outra. Elas se dão por vencidas por estarem vivas. Ora, por que dizem isso? Depois a palavra “outra”. Quem é esta outra, tão próxima da Capitoa? Depois a expressão “nos amamos”. Que amor é esse? Ficam esses questionamentos.
Eu, cá, confesso que já estava com saudades de uma leitura com esta pegada. Como dizia o professor Geraldo de Moura, nos tempos da UFES da década de 80, leitura boa é aquela que tem um fim malicioso e quando você termina de ler, você se propõe a continuar com a leitura a desafiar sua intelectualidade.
Por essas e outras que não falei, é que recomendo a leitura do livro A CAPITOA, de nossa Maior escritora Bernadette Lyra, e não se furte a deixar algo de sua visão da leitura para quem quiser interagir.

Valeu, gente.


You may also like

Nenhum comentário: